sábado, 17 de janeiro de 2009

Férias

Férias do povão é o que a minha mãe chamaria de programa de índio. E, de muitas formas, ela tem razão. Olha só:
• Na estrada, a gurizada do banco detrás não usa cinto de segurança. Parece que os pais não estão preocupados com o pára-brisa do carro. Devem ter dinheiro pra esbanjar pra trocá-lo quando, numa freiada brusca, as crianças vierem a dar de testa com o vidro e ele se espatifar. Bem, se tem dinheiro, um pára-brisa a mais, outro a menos... Que diferença faz?
• Toda pessoa bem educada tem a mania de jogar embalagens, latinhas, papel e o que der na telha pela janela do carro. Fazem isso para evitar o incômodo que a sacolinha com lixo causa. E o governo paga – logo, eu pago – os garis, aqueles de laranja, para varrerem a estrada. Sem contar que os animais que vivem nas florestas próximas vão ter com o que se divertir, como aquele quati que entrou no pote de maionese e teve de ser resgatado. Que resgatado, o quê! Ele tava brincando de esconde-esconde!
• Hora de ir pra praia. Uma caixa de isopor para os sanduíches e outra para a cerveja. Mas é incrível! As latinhas sabem o caminho para ir a praia, mas ignoram o caminho da volta. Elas devem ficar para um luau ou então para tomar sol no dia seguinte e no seguinte e no seguinte... E nos próximos 300 anos. Elas vão ter câncer de pele desse jeito.
• Falando em câncer de pele, o bom turista vai a praia só com protetor solar no nariz. As crianças brincam na areia debaixo do sol a pino. Ignora o horário: “até as 10 da manhã e depois das 4 da tarde”. E turista acha bobeira esse papo de maior incidência de raios UV e aumento dos casos de câncer de pele. Isso é marketing de quem quer vender protetor solar e chapéu.
• E como não tem com quem deixar o cachorro, a solução é levá-lo pra praia! É só colocar o coitado numa coleira, preso ao guarda-sol. A areia quente não queima nada as patinhas dele e nem deve incomodar quando fica no meio do pêlo. Sem contar que essa história de verminose é baboseira, já que o dono do cachorro nunca pegou. Tudo isso é papo de quem não gosta de cachorro, isso sim.
• Na cadeira de praia, curtindo feito couro ao sol, o turista não pode esquecer do camarão frito e da cervejinha. A bebedeira só não começou no carro por causa da lei seca, já que ele é um cidadão responsável. Além de ter insolação, a criatura só come porcaria e desidrata. Afinal, é férias, né?
Farofeiros? Que nada! É tudo gente consciente, cheia de responsabilidade, pronta pra curtir o verão... É... Ou não, né?

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei as ironiass.........Ri muito....(y)