terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Expressões

Meu Santo XxXx! - A escolha do santo fica de acordo com a fé. Tem santo para cada situação, então é sempre bom saber coisas básicas, do tipo: que santo é bom pra febre, atraso nas contas, filha grávida, marido que trai, comida queimada... Só o básico.
Meu Deus! - Apelo direto ao altíssimo. Só a força maior pra dar jeito na situação. Mas tem gente que usa pra qualquer coisa: "Meu Deus! Como aquela mulher é feia!" Tenha dó, incomodar o Cara lá de cima, cheio de problemas com os governantes, o lixo produzido, as criancinhas na África e o cabelo de não-sem-quem que não toma jeito por causa de uma mulher feia?
Jesus! - Usada quando se quer invocar o alto, pulando a burocracia de santos, anjos e seguranças, chegando direto ao vice-presidente.
Minha Nossa senhora! - Para uma situação crítica mesmo. Só a mãe do vice pra puxar a orelha do Cristo e agilizar as coisas.
Céus! - Quando a coisa tá preta. Só santo não resolve, ou Deus ou Jesus. Tem que ser todo mundo junto. Alguma missão impossível.
Mas Bah! - Usado muito no RS, é a forma abreviada de "Mas que barbaridade!".
Puta que pariu! - Eu acho que, na verdade, o correto é falar "Puta que o pariu". Só não entendo porque chamar a mãe do cidadão de puta. Você quer ofender quem? A mãe, que nem está presente - e pode nem ser prostituta - ou o cara?
Filho da puta! - Idem.
Caramba! - Dizem que vem do espanhol. Confesso que nunca gostei dela e toda vez que ouvia quando criança, chorava. Agora entendo o porquê. É o nome de uma fruta que simboliza o órgão sexual masculino. Dizem que é a forma mais sofisticada de caralho. Bem, acho que não é algo pra se ficar dizendo por aí.
Caraca! - É a maneira mais sutil de dizer caralho. o.O Que absurdo.
Puts grila!- É o mesmo que PQP.
Cruzes! - Bem, invoca a imagem de Cristo na cruz. Acho que só funcionaria com vampiros, mas...

Bem, existem expressões para todos os tipos de pessoas. Meu bisa falava Alaputcha Caramba e tinha mais uma coleção delas para dar e vender. Pena que eu não pude conviver mais com ele e aumentar meu repertório. E, bisa, acho que estou com saudade.

sábado, 24 de janeiro de 2009

O acidente

Porque a gente conhece a pessoa de verdade só depois do casamento, né? A gente acha que conhece, mas depois do casamento, descobre como a pessoa é realmente. Eu sabia que ela era assim... Assim, meio machona. Não, ela não é homossexual e acho que nunca foi. Mas mesmo tendo aquele rostinho lindo, desconfiava - e agora tenho certeza - que ela é mais macho que eu. O senhor, delegado, pode rir. Mas é a verdade. E foi isso que desgastou meu casamento e, bem... Causou o... O... O acidente. Pro senhor ter uma noção, eu tenho mais produtos pra cravos e espinhas do que ela tem pro corpo todo. E acredite se quiser, ela sabe falas do Poderoso Chefão de cor! Sabe de cor! De um filme de machos para machos!
E no tênis de mesa? Tive a infeliz idéia de comprar uma mesa, para jogar com os amigos. Ela jogou e ganhou de todos eles e de mim. De mim! E olha que eu ganhei medalha de ouro no tênis de mesa na quarta série. Ela só tem cara de dondoca. E eu só percebi depois do casamento. Imagina a situação, seu delegado! Você usa as calças na relação e quem manda é a mulher! E ela também gosta de futebol. Nem eu gosto de futebol. Mas até aí, tudo bem. Só que o que aconteceu hoje, bem... Eu me descontrolei. É que... No futebol e no tênis de mesa até vai... Só que ela deu pra jogar vídeo-game comigo. E ela ganhou. Ganhou uma, duas, três vezes. Pra comemorar, deu risada na minha cara. Uma gargalhada, dessas de orgulho, como quem diz: "Na sua cara!". Eu não aguentei e joguei o joystick na cabeça dela. Não aguentei o "há há há!". No vídeo-game, não. Definitivamente não.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Essas idéias

Um casal de namorados conversando num banco de praça. Ela tem 16 e ele, 18 anos.
Ela: Mas o George Clooney não é lindo? É o quarentão mais bonito do mundo.
Ele: Ah, sou obrigado a concordar. Aquele grisalho só nuns fios dá um ar de respeito. Quero ficar como ele.
Ela:Ah! Eu também quero!
Ele: Quê? Você quer ficar como o George Clooney? o.O
Ela: Claro que não! Eu quero que você fique como ele!

Quem não quer um namorado/marido assim? ~

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A posse do Obama

"Mas que cena estão fazendo! Ele sabe que foi eleito presidente, todo munda sabe que ele é o novo presidente. Pra quê tudo isso? É só dizer pra ele: 'Tu é o novo presidente agora' e acabou. Mas não, tem que ter parada, Capitólio, café como Bush e, por isso, ficam interrompendo meu desenho. Ele é presidente lá, todo mundo sabe que ele assume hoje. Ô, Saco".
- Muryel


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Vô Currila

- Por que desligou a TV, vô?
- A do Céu tá tendo bebê.
- Mas qual o problema?
- Num gosto disso.
- Mas é só novela, vô. Ela não tá tendo bebê de verdade. Não vai mostrar nada.
- Mas é a representação da realidade. Eu tenho vergonha.
- Vô, o senhor teve 8 filhos e teve que vê-los nascer.
- Ah, mas tenho vergonha.
- Tem vergonha de ver o filho nascer, mas de fazer não teve vergonha, né vô?
- ...

~Lagoinha.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Férias

Férias do povão é o que a minha mãe chamaria de programa de índio. E, de muitas formas, ela tem razão. Olha só:
• Na estrada, a gurizada do banco detrás não usa cinto de segurança. Parece que os pais não estão preocupados com o pára-brisa do carro. Devem ter dinheiro pra esbanjar pra trocá-lo quando, numa freiada brusca, as crianças vierem a dar de testa com o vidro e ele se espatifar. Bem, se tem dinheiro, um pára-brisa a mais, outro a menos... Que diferença faz?
• Toda pessoa bem educada tem a mania de jogar embalagens, latinhas, papel e o que der na telha pela janela do carro. Fazem isso para evitar o incômodo que a sacolinha com lixo causa. E o governo paga – logo, eu pago – os garis, aqueles de laranja, para varrerem a estrada. Sem contar que os animais que vivem nas florestas próximas vão ter com o que se divertir, como aquele quati que entrou no pote de maionese e teve de ser resgatado. Que resgatado, o quê! Ele tava brincando de esconde-esconde!
• Hora de ir pra praia. Uma caixa de isopor para os sanduíches e outra para a cerveja. Mas é incrível! As latinhas sabem o caminho para ir a praia, mas ignoram o caminho da volta. Elas devem ficar para um luau ou então para tomar sol no dia seguinte e no seguinte e no seguinte... E nos próximos 300 anos. Elas vão ter câncer de pele desse jeito.
• Falando em câncer de pele, o bom turista vai a praia só com protetor solar no nariz. As crianças brincam na areia debaixo do sol a pino. Ignora o horário: “até as 10 da manhã e depois das 4 da tarde”. E turista acha bobeira esse papo de maior incidência de raios UV e aumento dos casos de câncer de pele. Isso é marketing de quem quer vender protetor solar e chapéu.
• E como não tem com quem deixar o cachorro, a solução é levá-lo pra praia! É só colocar o coitado numa coleira, preso ao guarda-sol. A areia quente não queima nada as patinhas dele e nem deve incomodar quando fica no meio do pêlo. Sem contar que essa história de verminose é baboseira, já que o dono do cachorro nunca pegou. Tudo isso é papo de quem não gosta de cachorro, isso sim.
• Na cadeira de praia, curtindo feito couro ao sol, o turista não pode esquecer do camarão frito e da cervejinha. A bebedeira só não começou no carro por causa da lei seca, já que ele é um cidadão responsável. Além de ter insolação, a criatura só come porcaria e desidrata. Afinal, é férias, né?
Farofeiros? Que nada! É tudo gente consciente, cheia de responsabilidade, pronta pra curtir o verão... É... Ou não, né?

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Motivos

- Por que você levou o cachorro?
- Porque eu o atropelei. Tinha que fazer alguma coisa.
- Se você não tivesse levado o cachorro pra casa, provavelmente teria pesadelos e sentiria remorso, não é?
- Sim, provavelmente.
- E se você visse alguém passando fome, daria a ele algo de comer, ajudaria-o. Se não o fizesse, iria para casa também sentindo remorso.
- Acho que sim.
- Então você ajuda por quem? Por eles ou... por você?


~ Estou em Lagoinha. Fui tirar leite de vaca, andar de pés descalços e colher pêra. :D

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O Poderoso Chefão

Porque a paixão não começou assim, do nada. Na verdade, começou numa conversa. Me disseram que tinha cenas muito boas e que a história era emocionante. Depois veio o Michael Kyle e só depois o livro. Devorei o livro O Chefão em uma semana e acabei comprando um exemplar para mim. Eu tinha de ter a obra-prima do Mario Puzo. Mas só a pouco chegaram os DVDs: 4, para uma trilogia. Presente do namorado.
Estava ansiosa para assisti-los, eu queria isso a muito tempo. E enquanto assistia, agradeci as amebas que num passado distante resolveram se juntar e evoluir, chegando a mim. A mim e ao colega que me falou sobre o filme. Ao Mario Puzo e ao Copolla também. Agradeci por meus pais, afinal, sem eles seria filha de estranhos, e talvez não tivesse as mesmas idéias. Agradeci as antiguíssimas amebas, que formaram médicos e inventaram o sistema imunológico, pois sem eles, eu poderia ter ficado cega ou com problemas mentais quando tive meningite. Ah! E agradeci por simples amebas terem feito um namorado (quase) perfeito. Afinal, sem ele eu demoraria muito mais tempo até alcançar esse momento de glória. Mas agradeci as amebas especialmente por fazerem os homens passarem pela época medieval na Itália e inventarem a máfia. Sem ela, Mario Puzo não faria sucesso, eu nem ia ouvir falar de Francis Ford Copolla, Marlon Brando sei lá onde estaria, o melhor filme de todos os tempos não surgiria e, principalmente, Michael Kyle não seria o pai mais engraçado dos seriados norte-americanos. Salve, ó máfia!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Sobre a feirante

"Você viu as unhas da mulher vendendo alface? Ela disse que é ela mesma que planta. Deve plantar em baixo das unhas. Você viu a quantidade de terra que tinha lá? Uma horta móvel".

- Caraminholas do senhor meu pai.

domingo, 11 de janeiro de 2009

O bem

E a mãe beijou a cabeça do filho, cabecinha essa que deu trabalho nos últimos dias, devido ao tratamento contra a pediculose.
- Mãe, acho que a senhora beijou um piolho.
- Temos de ser amorosos com todos os seres, filho. Faça o bem, não importa a quem.
Depois, a mãe foi pegar o Escabin e o pente fino. Afinal, ela tinha um assassinato em série para executar.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Sobre a Dipirona Sódica


"Entendi o princípio ativo desse remédio. Eu fico inteiro com esse gosto e o bicho vai embora, não me agüenta".

Mais uma do pai filósofo.

sábado, 3 de janeiro de 2009

A onça

Se eu dissesse que é história de pescador, seria mentira. Porque de pescador ele não tem nada, mesmo morando na beira do mar. Só se for pescador de caixa d'água, já que ele passa o dia todo fiscalizando as caixas no morro. E essa história está deixando o povo meio abobalhado, nervoso. Quando falam sobre o assunto, é baixinho, quase cochichando, pra não assustar turista que vem pegar sol na praia. É que o Joãozinho deu pra espalhar pelo bairro que tem onça rondando o morro. Ele tem absoluta certeza, porque viu a pegada da bichana perto de uma caixa d'água. Tem gente se perguntando se ele sabe diferenciara pegada de onça da de uma de cachorro grande. Sua convicção aumentou mais ainda depois que a sua cachorrinha sumiu - foi a onça, com certeza.
O povo lá de baixo não pára de comentar e, no meio de uma conversa sobre eucaliptos, carvão e aneloi (demorei pra entender que era Nelore), a tal da onça surgiu. Alguns dizem que é pequena, outros, grande. Mas na verdade verdadeira, ninguém viu a fuça da bicha. Nem mesmo o povo que tem casa no morro, como eu. E para desacreditar toda essa conversa, a tal da cachorrinha sumida apareceu, toda suja, mas inteirinha, com todos os pêlos no corpo. Se fosse onça mesmo, garanto que estaria faltando um pedacinho, a não ser que a bicha quisesse companhia no Natal.
Essa história deve ser resultado do cérebro do Joãozinho, meio cozido de tanta cachaça. Se a onça quis companhia no natal, é bem possível que ela queira também no Ano Novo, para ver os fogos. Agora temos que ficar espertos, pra pegar o bicho no pulo.
(Ubatuba, 27 de dezembro de 2008)

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Pé de pé


Pé peludo, pé pelado
Pé liso ou rachado
Pé de pescador, arreganhado
Pé de pedreiro, encasqueado
Pé de terno, encravado
Pé de fresco, arrumado
Pé de branco, pé chegado
Pé de negro, esbranqueado
e pé de índio é pé folgado.
Pé que sai do chão
planta rente ao solo
É pé que expressa opinião:
de caboclo, carpinteiro,
doutor ou engenheiro.
É pé que diz:
"Meu povo é brasileiro",
Com orgulho e satisfação.
Pé que conhece a secura do sertão
ou o desespero da enchente
Pé que planta gente
que planta pé de cana
que cedo tira o pé da cama
e sai estrada a fora.
Pé que não se demora,
que samba ou chuta bola.
Pé que marca compasso
dos pampas ao cangaço
do povo a festança
que melhor do que ninguém,
planta pé de esperança.