domingo, 7 de dezembro de 2008

Domingo

Domingo é o dia de abastecer a geladeira. Meus pais vão à feira e compram verduras, legumes, frutas e carne para a semana. Mas nesse domingo minha mãe estava trabalhando. Como a feira é sagrada, eu e meu pai fomos às compras. Fazia tempo que não ia ao mercadão. Fiquei indignada ao ver que o preço da bacia de legume está R$ 1,00. Antes custava R$ 0,50. O tomate, então! O quilo custava R$ 0,25 e agora chega a R$ 3,00! Definitivamente, quando tiver a minha casa, terei que ter uma horta. E já conversei com meu pai sobre isso. Descobri que alface gosta de clima frio, que a região sudeste não é boa para plantar, que a cebola não gosta de chuva e que milho é uma boa opção. Se os preços continuarem assim, será impossível ter uma boa alimentação com um salário mais ou menos. Lembro que a minha mãe enchia o carrinho com R$ 10,00. Meu pai esvaziou os bolsos e nem compramos a quantia de sempre. A coisa tá feia. E tem aquela história, que brasileiro nem paga o verdadeiro valor do alimento que consome. MeuDeus,ondeissovaiparar?

- Olha o mamão! É 4 por dois real! Por dois real!

Agora entendo porque as pessoas gostam tanto do mercadão. A gente encontra de tudo! O vendedor mais simpático com certeza é um senhor chinês. Compramos acelga chinesa:
- Eu gostoo de comer coom frangoo, né?
- Com frango? Eu fiz pra salada...
- Com salada também é boom, né? Olha, comoo não usaa venenoo, né? Os insetos e os passarinhoos rasgaam as foolhas, né?
Recomendo, se você for ao mercadão, compre a tal da acelga chinesa. É uma delícia.

- A dúzia da laranja minha senhora! Olha a laranja, olha a laranja!

Vi dois caras com a camiseta do Grêmio. Bom saber que existem conterrâneos aqui. Aí notei que o Banrisul patrocina o Grêmio. Epa! E patrocina o Inter também. Deve ser pra não ter problemas com clientes, sei lá. A rixa lá em baixo é feia. Gremista não senta em cadeira de praia que é vermelha. Vai saber, né?

- Dois e cinqüenta o quilo do tomate! É dois e cinqüenta!

O que tem de criança lá é espantoso. Estão dentro de caixas, em baixo de barracas - que não foram feitas para pessoas altas, bati a cabeça várias vezes - ou pisando em nossos pés. Vi duas guriazinhas tagarelando e carregando caixas. Vontadedeapertar.

- Olha a melancia, melancia, dona de casa!

Mesmo com o sol africano, cheiro de churrasco, fumaça e zilhões de pessoas, ir lá de novo foi bom. São tantos rostos, gestos, sorrisos, passos, risadas... Um mar de gente comprando comida. E mais que isso: encontrando velhos amigos, saindo com a família, contando piadas, namorando, conversando, trocando receitas... Acho que vou fazer isso de novo.

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